segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sobre os jovens e os críticos consagrados

No último dia de 2010, o sempre necessário nessa vida Lula Rodrigues fez um post, segundo ele mesmo, long drink & soltando os cachorros. Deu dicas de livros e revistas (anotem todas!) e uns bons puxões de orelhas nos wannabes da moda, diferenciando-os daqueles que têm interesse, critério e humildade pra admitir e correr atrás do que não sabem. Olha o que o Lula diz:

"O que se vê na grande maioria de blogs e sites focados no homem, é uma repetição de mesmas imagens, pinçadas dos seios fartos da mamma web. Às vezes literalmente as mesmas fontes. São poucos os que disponibilizam algo mais do que o fatídico “eu usaria” ou, pior, o crime hediondo “está melhor do que a coleção anterior”. Melhor como assim??"


Sacando da História dos Costumes, vc pode entender melhor as tendências, por exemplo. Quer ver? O xadrez continua sendo item forte no inverno 2011, e, se pensarmos um pouco, nos damos conta de que o padrão que tem muitos nomes, faz parte do guarda-roupa masculino, há muito, e isto pode ser constatado no filme “Gangs de New York”

Não poderia concordar mais! E adorei a expressão "mamma web", perfeita. Mas tem um trecho no post que ficou martelando na minha humilde cabecinha, sabe? Ao traçar um paralelismo com o futebol de alguns anos atrás, ele fala assim:

"Pois é, galera, pelo menos, os “ídolos wannabe” do futebol, jogavam peladas, sabiam da escalação de times, nomes dos craques, tudo sobre os uniformes, e, pasme, estratégias de ataque. Além do mais, acompanhavam campeonatos, frequentavam estádios, enfim, exercitavam o ofício e, mais importante ainda: respeitavam os críticos consagrados, liam jornais, resenhas e afins" (grifo meu)

Eu, leitora assídua do Lula Rodrigues, entendi o que ele quis dizer com respeito. Respeito é respeito e ponto. Mas fiquei receosa de que isso pudesse ser mal interpretado, justamente pelos novos jornalistas e interessados em moda que ainda estão construindo seu repertório. Minha preocupação: que lessem respeito como subserviência. E isso não é nada bom. A moda, assim como a arte, se enriquece na contestação.

Rolaram vários comentários no post que contribuíram para a discussão. Deixei meu pitaco, o Lula respondeu e confirmei que a gente estava falando a mesma língua. Mas dá pano pra manga, não dá? Os destaques em amarelo são meus. Se não conseguir ler, clica nas imagens que elas abrirão grandonas no seu navegador:




E vocês, o que acham do assunto? Queremos sua opinião!

Prefácio

A Thaís Seganfredo, de Porto Alegre, sugeriu. A gente, muito feliz, aceitou. Então a Fernanda Taube também tá na área! Em post inspirado por texto de Luciane Glaser (link no finalzinho).



Prefácio

Hoje eu sou suja e ando vagando por aí, sozinha.
No boteco da esquina, recitei um verso de Bukowski, tomei uma cerveja barata e cantei um dó desafinado com Tom Waits.
Mas nem sempre foi assim. Eu vim de anos e anos de muito glamour. Sou da época que ser rica era sinônimo de ser chique.
Passei pela realeza, mas depois caí na boca do povo. Me reinventei e nasci de novo. Praticamente passei uma borracha no meu passado e comecei a reescrever o livro da minha vida.
A capa é linda, mas muito misteriosa; ninguém até hoje conseguiu decifrar o que nela acontece. Ela muda de tempos em tempos. Tem vez que é rosinha e cheia de flores, depois fica negra e rendada, outra hora cisma em ser gente grande e se enche de tricô.
Mas eu gosto assim. São os ciclos da minha vida, sabe.
Minha nova história teve figuras importantes, gente que é mais lembrada que eu. Acho injusto.
Me tiraram muitos bens, fui roubada, maltratada, exilada durante as guerras e voltei com tudo, mostrando minha força. Sou guerreira também, mereço meu espaço.Minha história é escrita em linhas tortas, mas confesso que reta ela não é. Já até disseram que eu sou filha do diabo, não sirvo pra nada e sou má influência. Oras, todo mundo pode ser má influência, isso depende muito mais de quem me vê do que de mim.
Da minha vida cuido eu, você é quem sabe se me ama ou se me odeia.
Aliás, eu sou assim, muitas vezes extremista. O básico e o ousado; o eterno e o efêmero.
Já me pintaram de tantas cores que eu nem me lembro mais.
Já me vestiram com tecidos de todos os lugares do mundo e experimentaram em mim as mais diversas texturas.
Eles colocam no papel alguma ideia mirabolante e acham que eu sou obrigada a ser a cobaia. Tsc.
Virei um tal de Frankenstein dos tempos modernos.
Minha vida sempre foi cheia de referências.
Não quero ser pedante, mas sou muito entendida de cinema, música, literatura. Já atuei no cinema, no teatro. Já escrevi livros e servi de inspiração para muitos músicos.
Me identifico bastante com o estilo de vida dos artistas, sempre quis ser assim.
Eu faço samba e amor a noite inteira. Amo essa vida boêmia.
Tem gente que quer me acertar, me colocar nos eixos. Bobagem.
O meu negócio é diversão, e eles não entendem.
Me moldam daqui, me criticam dali. Não ligo.
Ultimamente andam me levando a sério demais, esse é o problema.
Se estou nessa vida a passeio? De jeito nenhum!Eu quero é tocar na vida das pessoas, e fazer elas se tocarem. Mas não quero que me cobrem, eu não funciono na base da da pressão.
Comigo é assim: devargar, devagarinho.
Eu tenho mil lados, você me vê do jeito que quiser. É como entrar numa sala de espelhos e observar um de cada vez, tranquilo.
Sou absolutamente contra a futilidade, mas totalmente a favor.
Não tente me entender.
Depois de tempos de riqueza, fui sendo deixada de lado. Virei perfumaria.
Aos poucos fui ficando mais popular, o pessoal me conhece mais, mas ainda assim me sinto só.
Por essas e outras que perdi um pouco o gosto de viver, e hoje ando por aí, uma quase-mendiga que todo mundo aplaude.
Não sei bem o porquê.
Volta e meia me pedem pra eu voltar a ser o que era na juventude, mas não tem como. Eu até tento, mas geralmente não consigo.
Tudo o que posso fazer nessas horas é pegar umas fotografias e alguns baús de recordações e distribuir por aí. Mas fazer igual eu fazia? Não dá. Bem que eu queria, mas minhas costas não me autorizam.
Posso hoje estar quase idosa, quase mendiga, quase bêbada. E daí?
Você sabe, me deram o poder da imortalidade, e deixaram um pozinho mágico da juventude, mas não sei onde eu guardei.
Se por acaso você achar, me avise, tá?



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Inspiração para o Post: http://migre.me/sxhR


>>> Esse post foi publicado originalmente no blog Pretta, que a Fernanda Taube escreve desde dezembro de 2009.

VEM, GENTE!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A chave

Você viu o post anterior sobre críticos consagrados e jovens interessados em expressar suas opiniões? A Dani Lopes, professora e estudante de Design de Moda, tinha escrito esse texto em junho de 2010 e o dividiu com o Tessituras. Sugiro que leiam o que ela diz, vejam os comentários que fizeram no blog dela e digam pra gente o que acharam. Certo? Podemos contar com vocês?





















Como é bom ter voz. Não o fonema, mas a idéia falada, o pensamento ecoado.

É triste estar mudo. Não digo o não emitir som, mas o não emitir opiniões e reflexões.


Outro dia fui a uma loja abrir crediário e eis que a atendente que preenche meu cadastro me pede REFERÊNCIAS de lojas nas quais eu já possuía crédito. Resposta: nenhuma. Era minha primeira compra - ou seria, se não me houvesse sido negada.

Meu irmão queria um novo emprego e para tal possuía todas as aptidões exigidas, exceto ela, essa porta tão difícil de abrir e cuja chave não estava em seu poder: a EXPERIÊNCIA.


Daí, li um post sobre Regina Guerreiro. Que ela entende de moda, que possui repertório fashion suficiente a ponto de lhe autorizar críticas pertinentes as quais se deve dar atenção e crédito. Respeito. Mas em seguida assisto a um vídeo de Regina a analisar desfiles da temporada e, nossa! Ela comete erros! Um deles, ao dizer que Ronaldo Fraga utilizou rendas do norte onde se devia ler nordeste. Erros pontuais, que em nada diminuem a credibilidade da profissional consagrada, mas que no mínimo me levam a refletir: há vozes aprisionadas em calabouços de cabeças pensantes que querem ecoar. Batem nas grades a fim de chamar a atenção de carcereiros que tem por guarda a chave daquela porta. E a chave tilinta nas mãos de quem já tem portas abertas...


Como ter experiência se não nos é dado experienciar? Porque não confiar a alguém que estuda o assunto, lê, pesquisa e quer continuar estudando, lendo e pesquisando, o presente da voz?

Porque, penso eu, Regina Guerreiro nem sempre foi “Regina Guerreiro”. Nem sempre teve experiência e menos ainda referências, mas conquistou a chave.

E como pode a moda, sendo assim tão farta de subjetividade, ser encapsulada numa garrafa onde se lê no rótulo uma definição, modo de usar e em letras miúdas logo abaixo, os direitos reservados? A moda não gosta de rótulos, não tem papas nem papisas. Ela não gosta de garrafas, gosta de varais e corpos ao vento. Gosta de mentes e portas abertas.

Ícones fashion são importantes balizas, mas são nossas as mãos na direção. Aprendemos e crescemos com os mais sábios, mas estou longe de assimilar a moda como uma seita onde de uma só cabeça parte as idéia para todo um grupo que, num celibato de questionamentos, acena positivamente, absorve e reproduz. Seria um suicídio coletivo. E eu não quero morrer antes de abrir a porta.


>>> Esse post foi publicado originalmente no blog Moda, Chocolate e Coca-Cola, que a Dani escreve de Presidente Prudente (SP).

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Temos e-mail

Quem quiser conversar com o Tessituras, mandar sua sugestão de post ou dica sobre qualquer coisa, é só bater o tambor aqui ó: tessiturasdamoda@gmail.com

Também estamos no Twitter: @tessituras_

Estamos no aguardo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Veztido, por Lu Glaeser

O Tessituras recebeu sua primeira emenda, e logo dela, a querida Lu Glaeser. "Arrecadamos links". Que lindo! Quem será o próximo?


veztido

pra Taube
"Queria mostrar meu vestido novo - diz. 
- É um vestido de dama de honra e todo feito à mão. 
Gostou? Comprei em loja de segunda mão por um dólar. 
Alguém costurou todos esses pontos e fez o vestido mais feio que já vi. 
Dá pra acreditar? 
A saia é mais comprida de um lado que do outro e a cintura do vestido fica na altura dos quadris.
[...] Marla diz que ama essas coisas que as pessoas adoram intensamente, 
mas logo se livram delas." 
PALAHNIUK, Chuck. Clube da Luta
Nova Alexandria: São Paulo, 2000. p. 69
na hora que li, abrindo o acaso,
parecia tão bonito e cheio...
depois, duvidei que um pedaço assim fosse suficiente pra dizer.
aquele "alguma coisa" que me vem, quando encontro meus sublinhados de uns tempos esquecidos. ou nem tanto assim.
enfim.
aí veio um convite de mulheres-de-atenas, da Mônica [@primeirafila]
pra tecer redes.
fui bisbilhotar os textos que ela sugeria como disparos.
claro, na cabeça da gente sempre se imagina aquela conexão mágica dos momentos.
meus olhos brilharam, fiquei afoita pra mandar o trecho sublinhado na década passada.
quando digitei, estranhei o incompleto.
deixei adormecer.
...mas há que se reconhecer essa incompletude...
desculpa boa pra não lapidar o entendimento.
mas ou se partilha o rascunho, ou se faz greve.
então, jogo meu fragmento.
pra quem for, ele fará seu sentido.
ou não.
e aí, ganho em dobro.
como um peso.
pra Taube, pq Palahniuk nos une.
todo gosto que se partilha faz ponte.
não faz?
[pixies ao fundo]
e se não precisa terminar, a gente não termina.
vai pra outras lembranças que dançam
não tanto mesmo assunto, que já nem sei qual é.
mas sensação prima.
qual?
aquelas gurias, de quem gosto tanto tanto que elas nem sabem.
os humores de todas as cores.
e digo das tais, toda erguida, 
"é minha amiga".
mesmo que no íntimo soe uma verdade-soberba,
porque nem parece certo pegar pra si uma distinção dessas.
[duvido de quem não me entenda]
amigas de cartas-trocadas.
ainda que poucas, perto das tantas redigidas nas ficções de encontros.
enfim.
tem o caso do vestido, da Thums
[tô revirando o blog inteiro, pra encontrar - e só penso:
essa guria é genial. (pronto, achei, tempo real: parte 1; parte 2 - des-fecho)].
tem uma crônica da Thais, no "valentino dress", mas tô achando
que ela me sacaneou e apagou a confissão [Thais, texto solto no mundo 
não te pertence - devolve ao teu leitor...].
paro.
mas agradeço sugestões de links.
arrecada-se. 
pra fazer fios, pontos, nós.
e mandar pra Mônica, que faz tecido profissional.
[o texto dela intimida, muito, de tão bom]
---
hmmmm, a memória é quase vilã da minha novela-novelo.
lembrei, agora - mas não tarde - de uma resenha bonita
e toda recomendável da Ju Schmitt.
tá na Revista Iara ::
Instâncias subjetivas das roupas: quando o vestuário conta histórias :: http://www.iararevista.sp.senac.br/index.php?varURL=conteudo.php?varId=94&varEdicao=4

>>> Publicado originalmente em pensandoemmoda.posterous.com

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Clarice, sempre Clarice

"Enfeitar-se é um ritual tão grave. A fazenda não é mero tecido, é matéria de coisa. É a esse estofo que com meu corpo eu dou corpo. Ah, como pode um simples pano ganhar tanta vida?"

Clarice Lispector, O Ritual, em A Descoberta do Mundo. Editora Rocco.

© AP

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Suri Cruise fotografada com casaco de pele

Suri Cruise, 4 anos, foi fotografada vestindo casaco de pele, saia e galochas. Ela passeava no shopping com a mãe e as duas foram a uma livraria, a uma floricultura e a uma loja de guloseimas.



Esse foi um dos destaques na imprensa internacional essa semana. Na local também. Suri é filha dos atores Katie Holmes e Tom Cruise.

O casaco é de pele sintética, dizem.